Mostrando postagens com marcador PT. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador PT. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A tempestade que se avizinha com as Eleições 2018


É triste constatar que parece não haver esperanças para o Brasil superar a instabilidade que se instaurou no país após as eleições de 2014. E é ainda mais lamentável — o que, confesso a vocês, me faz chorar enquanto escrevo estas palavras — que aqueles que têm o poder de amenizar a crise política e moral que assolou o país não fazem nada além de aprofundá-la ainda mais em benefício de interesses particulares e mesquinhos.

Estas eleições de 2018, pensava-se, poderiam representar a oportunidade de superar tudo o que aconteceu de ruim no Brasil nos últimos anos. Um impeachment sem crime de responsabilidade, um vice-presidente que conspirou abertamente para tomar o poder e implantou um plano de governo para o qual ele não foi eleito e que foi rejeitado nas urnas, além de um clima de profunda polarização que impede as pessoas de pensarem soluções para o país.

Contudo, não é o que se percebe. Ainda que eu tenha votado em Dilma no segundo turno das eleições passadas, sou um crítico ferrenho (e justo) à sua gestão pré-impeachment. Porque, ainda que ela estivesse com meio pé nos programas sociais e nas políticas de inclusão que a diferenciavam de Aécio Neves, a ex-presidente quis consertar a crise econômica causada por decisões equivocadas do seu primeiro governo implantando medidas que não condiziam com o que havia sido prometido em campanha.

Mas, para além dos erros do PT — e aí incluem-se os escândalos de corrupção que afetam grande parte da alta patente do partido — a imprensa pouco faz e pouco fez para motivar as pessoas ao bom senso e à reflexão. A crise moral do país foi jogada inteiramente nas costas do Partido dos Trabalhadores quando, segundo levantamento da revista Congresso em Foco, o pior partido do país, com o maior número de congressistas sob suspeita de corrupção, é o PP (seguido por PT e PMDB, empatados em segundo lugar).

Em relação ao número de políticos cassados, o líder do ranking é o Democratas, seguido do PMDB e do PSDB. O PT é apenas o 9º colocado. Entretanto, quando são encontradas malas de dinheiro de políticos protegidos do presidente da República, quando ex-candidatos à presidência são flagrados em áudios comprometedores com pedido de propina e quando governadores ordenam o massacre de professores que pedem condições mais dignas de trabalho, a imprensa, em geral, faz pouco alarde, e prefere dizer que o maior problema do país é a compra de um pedalinho em um sítio.

Não que um pedalinho supostamente comprado com dinheiro de corrupção não seja motivo de indignação. Mas é que a narrativa de criminalização da política é tão ardilosa e tacanha que faz com que as pessoas personifiquem seu ódio em uma única pessoa: o ex-presidente Lula. Enquanto isso, todos os outros políticos continuam em seus joguinhos de poder e o toma-lá-dá-cá da política, sem que o povo se dê conta de que está sendo manipulado.

O que nos traz a uma aberração chamada Bolsonaro.

Bolsonaro e a desumanização da política


Como Lula virou sinônimo de corrupção, o PT foi conduzido ao posto de quadrilha criminosa e os outros partidos e políticos, embora não nomeados, acabam sendo vistos como mais do mesmo pela população que até ontem não dava a mínima ao processo eleitoral, um serzinho hediondo e incompetente, que já trocou mais de partido do que de meias — aliás, por muito tempo ele foi do PP, o partido mais corrupto, como já exposto aqui — caiu nas graças do povo.

Com um discurso fácil, promessas de soluções milagrosas e imediatas, um vocabulário cheio de moralismo e ufanismo, Bolsonaro foi ganhando espaço na mídia e na atenção dos brasileiros. O hoje candidato do PSL, declaradamente, afirma não entender nada de economia, disse que vai terceirizar as decisões sobre a política econômica ao seu “posto Ipiranga”, o banqueiro Paulo Guedes, e afirma que vai devolver a moralidade ao país.

E por moralidade entenda-se a aceitação das demandas do que há de pior no ativismo político-religioso brasileiro, representado por Silas Malafaia e Marco Feliciano. Insanidades inexistentes como a famigerada “ideologia de gênero” devem ser combatidas, no que deve ser uma caça às bruxas do século XXI. Políticas de valorização e proteção às mulheres, direitos dos LGBTQIs, políticas inclusivas à população negra e indígena, pautas ambientais e sociais devem ser sumariamente interrompidas. Até aí, porém, a população não vai reclamar. Em geral, os conservadores não querem mesmo dar voz às minorias.

Agora, a coisa vai complicar quando Bolsonaro começar, via Paulo Guedes, a implementar a pauta liberal que está fazendo com que o mercado o tolere, mesmo diante de sua imensa ignorância em relação a temas cruciais para o desenvolvimento do Brasil. Assim, uma nova política de impostos deve ser implementada para agradar os mais ricos, o que deve aprofundar a desigualdade social. Direitos trabalhistas serão ainda mais massacrados, o que deve precarizar ainda mais as relações de trabalho.

Com tudo isso, o poder de compra dos brasileiros deve diminuir, situação agravada com as prometidas privatizações, que vão fazer com que as pessoas precisem pagar ainda mais por serviços básicos à população. E aí não se espante se o ensino começar a ser cobrado e se o SUS deixar de ser universal.

Desigualdade social, como não é segredo para ninguém, acaba gerando mais violência. E a proposta de Bolsonaro para isso é simplesmente facilitar o acesso ao porte de arma para defesa pessoal e dar poder à polícia para matar sem ser julgada por isso. E aqui eu não consigo entender como alguém pode ouvir esse tipo de proposta e acreditar que uma coisa dessas pode dar certo.

Estive pensando esses dias que, infelizmente, as pessoas não vão nem poder reclamar que Bolsonaro não cumpriu o que prometeu. Porque, afinal, ele não tem nenhuma proposta de modernização da educação. Em nenhum momento ouvi ele falar de ações efetivas para combate ao desemprego. Nem mesmo li qualquer coisa sobre planos para estancar as facções criminosas que espalham medo e violência para o país.

Bolsonaro não fala de turismo, nem de comércio exterior. Ele não fala de medidas concretas de combate à corrupção, nem de empreendedorismo, nem sobre cultura, nem de valorização aos professores e políticas para melhoria da saúde pública.

O que ele fala é apenas que as minorias têm que se submeter às maiorias e todos aqueles absurdos que já listei. E tudo bem se você acha que a pauta liberal é a mais coerente para o enfrentamento das mazelas do Brasil. Mas mesmo que eu concordasse com isso, não confiaria a Bolsonaro a missão de implementá-la. 

Infelizmente, o que temos do outro lado é o PT. Arrasado pela profunda rejeição popular, o partido pode até ter um programa de governo mais consistente do que o do candidato do PSL, mas não conseguirá governar com tranquilidade, já que o fantasma da polarização irá infernizar Haddad assim como o fez com Dilma. 

Com um Congresso conservador, é bem possível que, novamente como ocorreu com Dilma, Haddad vá enfrentar vários boicotes, que vão paralizar o país e impedirão a busca por caminhos para resolver o que precisa ser resolvido, em busca de colocar o país novamente nos trilhos.

Resta-nos torcer para que as pesquisas estejam erradas, que as pessoas estejam mais conscientes do que demonstram e que essas minhas previsões catastróficas estejam erradas. Confesso que costumo me auto-consolar lembrando de quantas mazelas a Europa, por exemplo, teve que enfrentar até que alcançasse algum tipo de cidadania e justiça social.

Porém, se pudéssemos aprender com a História, talvez não tivéssemos que repetir os erros do Velho Continente. O problema é que até mesmo a História tem sido alvo de disputas ideológicas e desconfianças de todo tipo. Dessa maneira, fica bem difícil encontrarmos uma saída.

Que Deus, seja qual for o seu, tenha misericórdia de nós!

domingo, 25 de janeiro de 2015

Brasil: séculos de atraso. E a culpa, sinto dizer, não é do PT

Primeiramente é preciso deixar claro que eu não sou filiado a partido algum. Eu tenho uma ideologia humanista, o que me coloca numa posição política mais à esquerda – e só isso já bastaria para não ser classificado como petista (ou petralha, como queiram), afinal, ao contrário do que muitos querem crer, há anos o PT abandonou as históricas bandeiras de esquerda. Mas nem mesmo dentre os partidos verdadeiramente de esquerda eu não me filio, pois não sinto segurança para tal. Dito isso, prosseguimos.

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!

Fiz questão de deixar isso claro para que este não seja interpretado como um texto de apologia ou defesa ao PT, Lula ou Dilma. É apenas uma reflexão sobre o Brasil, nossa história e as contradições no discurso daqueles que acreditam que o atraso que o nosso país sofre com relação a outras nações é culpa desse governo que está aí.

A história do Brasil já começou mal. A cultura indígena que existia aqui foi esmagada pelo imperialismo português que, não contente apenas em “catequisar” os índios e tomar as terras destes, carregaram para a Europa muitas das nossas riquezas, como as madeiras do pau-brasil, riquíssimas para colorir tecidos, e os minérios. 

Quando a coisa apertou por lá, a família Real veio todinha para cá, não sem provocar mais estragos. O Brasil nunca foi uma terra palco de projetos de desenvolvimento em prol das pessoas que aqui moravam. Éramos apenas curral de enriquecimento alheio, morada de índios renegados, escravos importados e, mais tarde, de imigrantes desafortunados, praticamente expulsos de uma Europa falida e em crise, que tiveram que enfrentar as jornadas desumanas nas grandes lavouras de café ou as terras atoladas dos mangues do sul.

Hoje vivemos o mais longo período democrático da história. Antes disso, em mais de cinco séculos de existência, sofremos com exploração atrás de exploração, golpe atrás de golpe, falcatrua atrás de falcatrua. E, convenhamos, nada disso é culpa do PT.

Hoje, claro, pagamos caro – literalmente – pelo país que construíram para nós. Pagamos caro por causa de uma corrupção enraizada no poder que é tão histórica quanto o descaso que o Brasil sofreu por aqueles responsáveis por torná-lo uma nação. Sempre sofremos com corrupção, sempre tivemos que pagar mais caro pelas coisas, sempre as tecnologias chegaram aqui com defasagem de tempo. Sempre estivemos à mercê de grupos religiosos ditando nosso modo de vida.

Isso é ruim? Sim, é péssimo. Mas por outro lado faz parte da construção de uma nação rica e próspera. O que precisamos é investir, acima de tudo, em educação e mudar essa cultura de reclamantes do Facebook e porta vozes do achismo para compreendermos mais a nossa história e a nossa sociedade. Porque se não for assim, nunca evoluiremos.

A educação é necessária, primeiramente, para desmistificarmos mitos enraizados no nosso cotidiano. Um deles é que os Estados Unidos são modelo. Não são. Os norte-americanos só conseguem ser modelo de um capitalismo selvagem, excludente e, diferentemente do que costumamos ver na mídia e no cinema, sofrem com a pobreza, com a violência e com o descaso na saúde, por exemplo. Afinal, lá não existe tratamento de saúde de graça.

Outro mito é o exemplo Europeu. Ok, talvez isso não seja exatamente um mito porque, realmente, em muitos países da Europa a qualidade de vida é ótima, as cidades são humanizadas e a educação é invejável. Mas a que custo eles chegaram nesse patamar? O continente europeu é milenar. Eles também tiveram de passar por ditaduras, guerras, doenças, crises, fome, escravidão, revoluções, mortes – e tudo isso mais de uma vez – para então chegarem ao nível de civilidade que muitos têm. E na civilidade e na educação que nascem as cidades mais bonitas, as pessoas mais saudáveis e a vida mais tranquila, embora isso não seja regra.

Do oriente, então, nem se fala. Pelo que consta eles são alguns dos povos até mais antigos que os próprios Europeus.

Mas, voltando à Europa, é importante lembrar que a riqueza deles não foi/é consequência apenas do sangue, suor e lágrimas dos seus conterrâneos, não. Até hoje a África, o Oriente Médio e a América Latina – incluindo nós brasileiros – pagamos pela ganância e pela exploração europeia. 

A questão não é culpar o Velho Continente pelas nossas mazelas. Nós poderíamos muito bem dar a volta por cima, como fizeram os coreanos. O objetivo de trazer essas questões à tona é encararmos a realidade: somos frutos da exploração, carregamos na nossa veia o sangue de corruptos e exploradores e não queremos – ao menos não deveríamos querer – explorar outros povos para garantir nossas riquezas.

Se não quisermos pagar caro pela nossa evolução, como a Europa teve de fazer, teremos que aprender. E novamente menciono a importância da educação. E a partir daí, dando a devida atenção a este item, poderemos evoluir. Mas isso leva tempo e temos exemplos no mundo todo disso, dessa demora pelos resultados.

Portanto, não é correto, justo, nem honesto culpar o PT pelo atraso do Brasil. O atraso que vivemos é fruto da história. E muitos dos que estarão lendo esse texto podem não saber, mas cultivam em si um pensamento retrógrado que em nada contribui para a nossa evolução.

Exemplo disso é a nossa ainda predileção pelos veículos individuais, pela construção de estradas cada vez maiores roubando o espaço que deveria ser dado a transportes alternativos, como a bicicleta o os coletivos. É a nossa preguiça em ler e adquirir conhecimento, e preferir formar opiniões com base no achismo e nas mídias tradicionais. É o nosso apego a pensamentos ultrapassados e retrógrados, especialmente os que defendem o núcleo familiar tradicional que inexiste, já foi realidade há anos e hoje não representa o nosso modo de vida.

O machismo não nos deixa evoluir, a implicância com movimentos sociais, a adoração à meritocracia, o desejo pela vingança e pela pena de morte, a mercantilização da educação e da saúde, o desrespeito com a natureza, enfim. Enquanto não formos mais humanos, enquanto não pararmos de achar que o dinheiro é o centro de tudo e enquanto não atualizarmos nosso pensamento e não colocarmos as nossas necessidades dentro de uma visão atenta à nossa realidade contemporânea, não evoluiremos.

E a culpa disso não é do PT. É, sim, de cada um de nós.

APOIE A CAMPANHA NO CATARSE PARA PUBLICAÇÃO DE EM BUSCA DO REINADO!