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domingo, 29 de janeiro de 2012

O Cinema de Mazzaropi


Amanhã tem a defesa da minha monografia para que eu, enfim, consiga minha formação como jornalista. O meu tema é: "O Papel de Mazzaropi na História do Cinema Nacional".
Diante disso, e da comemoração do centenário do nascimento do cineasta lembrado neste ano, nada mais propício do que lançar o "quadro" "Ano do Jeca".
Durante este ano, vou fazer postagens sobre um dos maiores e mais bem-sucedidos cineastas da história do país. Dentro de pouco, vou falar especificamente dele, para quem não o conhece. Mas dada à minha apresentação que ocorrerá amanhã, posto aqui um trecho (editado) da minha análise.

Boa leitura! E espero vocês por aqui com frequência, para conhecerem um pouco mais deste grande artista nacional!

Em certa cena de “Jeca e a Égua Milagrosa” (1980), alguns homens de pensamentos políticos e religiosos distintos começam a brigar. Os socos e chutes têm a pretensão de soarem violentos. Os personagens jogam um ao outro por cima das mesas e cadeiras. A desordem é grande. Os brigões se atiram ao chão, rolando em meio aos golpes.

Mas eles não se machucam. Não é compreensível quem está apanhando de quem. Não há nenhuma ferida, sequer algum hematoma e muito menos alguma gota de sangue, embora a briga tivesse sido pesada e dois dos personagens tenham ficado desacordados.

No meio da confusão, alguém dispara um tiro. Como a briga já havia terminado, Raimundo, o personagem de Mazzaropi, sai de trás de uma moita, do outro lado da rua, com a calça nas mãos e reclama: “Vâmo pará de tiroteio aí que quase me acertaram um tiro!”. E a esquete cômica está finalizada.

A falta de lógica na direção pode ser percebida na cena subsequente. Nos momentos finais da briga, o dono do bar percebe a aproximação do delegado com o padre e um policial. Exatamente neste momento é disparado o tiro que desperta a ira do personagem de Mazzaropi atrás da moita. Os brigões, a mando do dono do bar, acomodam os homens desacordados sentados, com a cabeça apoiada na mesa, como se estivessem dormindo sob os braços. O delegado, no momento em que passa em frente ao bar, pergunta: “Tudo certo por aí?”. O proprietário responde: “Por aqui tudo certo. É só alegria! Tudo na paz!”.

Será que o delegado não percebera nada estranho? A resposta forçada do dono do bar não teria chamado a atenção da autoridade policial? Não seria incomum dois homens dormindo em uma mesa de bar, à tarde, no meio de uma roda de conversa?

Sim. É ilógico. Mas as ilogicidades não param por aí. Logo depois que o delegado sai de cena, os dois desacordados levantam e vão embora raivosos e jurando vingança. A vitalidade dos dois não era de alguém que havia acabado de levar uma surra e ficar desacordado.

Fica claro, portanto, que o cinema de Mazzaropi não é dotado de inovações estéticas nem refinamento no que diz respeito à continuidade e direção. Não há criatividade na elaboração dos cenários. Fassoni (1977), numa crítica a “Jecão, Um Fofoqueiro no Céu” (1977), chega a dizer que “[Pio] Zamuner e Mazzaropi chegaram ao ridículo, desta feita, ao conceberem, com a imaginação de um recém-nascido, a cenografia para o seu céu-inferno”. Isso não quer dizer que ele não se resolva tecnicamente. De acordo com Matos (2010), os equipamentos pertencentes à PAM Filmes eram de última geração. Mesmo antes de ter uma produtora própria, Mazzaropi já contava com equipamentos de alta tecnologia na Companhia Vera Cruz. E o próprio Fassoni (1977), numa de suas duras críticas ao cineasta, reconheceu que os filmes de Mazzaropi vinha evoluindo, e “haviam adquirido uma qualidade técnica mais apurada, seus temas mais recentes tinham um recheio mais plausível” (FASSONI, 1977).

Ainda assim, no que diz respeito à direção, tudo é muito comum e pouco ousado. Integrante da chanchada paulista (DIAS, 2010) – filmes populares, geralmente cômicos, que se utilizavam de participações musicais cantando marchinhas carnavalescas – as produções de Mazzaropi eram acusadas de contar com atores inexpressivos e direção precária (LOYOLA, 1965). Para os críticos, isso se devia aos baixos salários que a PAM Filmes pagava aos seus funcionários e atores.

Mas nem por isso todos os filmes tinham pouca qualidade artística. Participaram das produções de Mazzaropi atores que viriam ganhar reconhecimento nacional, como Tarcísio Meira. Apesar de grande esmero em diversos aspectos, o mesmo cuidado não era levado em consideração na montagem e edição dos materiais. Mazzaropi sacrificava o roteiro na busca de uma boa piada. Ou seja, o filme só era bom quando as piadas também eram. A justificativa do artista era que os improvisos e erros garantiam espontaneidade à fita.

Se isso pode ser encarado por alguns como um modo positivo, autoral e particular de conduzir um filme, logo este pensamento já pode ser descartado na medida em que conhecemos, muito além da forma de conduzir um filme, a maneira como Mazzaropi conduzia as gravações. Na maioria das vezes não havia cuidado com a continuidade e com a própria direção de arte e figurino: usavam-se roupas, no filme, inadequadas à época em que ele se passava.

Ainda que tudo acontecesse em prol das piadas, Mazzaropi não precisava de uma história engraçada e um roteiro totalmente cômico para ficar satisfeito com o trabalho. Em diversas ocasiões percebemos piadas deslocadas, fora do contexto da história que está sendo contada, como já exemplificado aqui. Ou seja: para Mazzaropi, qualquer momento no roteiro era propício para se fazer uma piada, por mais deslocada que ela pudesse parecer. Não era necessário que a estrutura do roteiro corroborasse isso. Sendo assim, os demais temas que o ator julgava digno de estar presente nos argumentos, se faziam presentes, mesmo que não fossem engraçados. E entre os assuntos mais trabalhados pelo cineasta estavam a política e a religião.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Wanessa fala sobre a polêmica com Rafinha Bastos

Um dia, numa lanchonete que tinha como atração principal um karaokê, eu, meu chefe e meus colegas de trabalho, numa sexta-feira, fomos fazer um happy hour. Era noite já. Depois das 22 horas. Estava cheio. Eu já havia decidido, desde quando combinamos aquele happy, cantar com uma colega de trabalho no karaokê. A música estava escolhida e o chefe sabia disso. Mas ele foi à frente, cantar a música dele primeiro.
Fiquei aguardando do lado do palco com a minha colega para que, assim que meu chefe terminasse, eu pudesse tomar meu lugar e participar daquele momento de brincadeira e diversão. Logo que ele concluiu a música, anunciou:
- Agora, vem cá, Juliano! - E me abraçou. - Fiquem vocês com a vara comprida do (citou o nome da empresa)! O garoto que parece um Boneco de Olinda. Um poste sem lâmpada. E que tem pernas! - Todos riram. Todos que estavam na lanchonete. Os que jogavam sinuca pararam para ver quem era o ser que recebia aquelas elogiosas descrições. Mas eu cantei. Cantei e, envergonhado e raivoso, fui embora em seguida.

Todos riram. Era uma piada. Numa lanchonete só. Havia umas 200 pessoas lá, no máximo. Mas eu fiquei ofendido.

Nas últimas semanas o Brasil acompanhou um debate infantil e desnecessário. Como se ninguém tivesse mais nada melhor na sua própria vida com que se preocupar, fizeram uma tempestade em copo d'água.
Não é de hoje que o super sem graça e metido a sabixão (o típico caso do cara que se acha, isso é visível), Rafael Bastos, lança mais uma de suas pérolas. Dessa vez, disse, em mais um episódio de humor sem graça, que "comeria" Wanessa "e o bebê. Tô nem aí!", frisou.
Eu sempre achei esse Rafael um exemplar caso de falta de talento. E também ele já tinha disparado, diversas vezes, muitas piadas desnecessárias. Ainda assim, eram piadas. Que eu não gostava, não concordava, achava que eram ridículas e infantis, mas piadas.
Apesar disso, o cara falou mais uma besteira em rede nacional. Besteira porque expôs uma mulher grávida com todo o direito de se sentir ofendida, afinal, ela é conhecida. Por mais que não doesse em mim ou eu não achasse nada de grave, mas compreendo a situação de alguém ser motivo de chacota em rede nacional, ainda fazendo insinuações à sua gestação.
Wanessa sempre teve o direito de processar o dito humorista. Afinal, foi agredida. Como vocês verão adiante, a pena para o processo no qual Rafael Bastos está sendo enquadrado não é culpa da Wanessa. Está determinado na lei e será decidido por um juíz. Mas não tem gente que arma barraco ao sair de uma empresa porque foi chamado a atenção na frente de todo mundo? Então... Wanessa foi ridicularizada na frente do Brasil. Sim, foi piada. Mas ela tem todo o direito de se sentir ofendida.
E se você pensa o contrário, tente imaginar alguém que você ama sendo ridicularizado em rede nacional. Mesmo que seja em uma piada. Depois defenda Rafael Bastos.

A seguir, após longas semanas em silêncio, o desabafo de Wanessa. Como fã e, principalmente, como alguém que entende que seres humanos devem ser respeitados como seres humanos, me sinto na obrigação de divulgar as palavras dela:

Diante de um silêncio engasgado e em risco de sufoco, me coloco, aqui e agora, fora dessa condição.

Quero falar, não porque estão me cobrando essa palavra, não para dividir lados e opiniões e nem para ganhar defensores. Apenas quero tornar pública a minha verdade, já que se trata da minha vida e da vida do meu filho, que nascerá em poucas semanas, e também para defender a mim e a minha família de falsas acusações.

Mesmo sendo de conhecimento geral o começo de toda essa história, gostaria de voltar à ela.

Em uma segunda-feira, voltando de um trabalho para casa, alguém próximo me informou o que tinha acontecido. Chegando em casa, entrei na internet e vi o vídeo que mostrava o humorista Rafael Bastos falando sobre mim e, infelizmente, também do meu filho. Confesso que tive de rever umas três vezes para ter certeza do que estava vendo e ouvindo.

Não tive reação, só pensava em uma coisa: “calma, ele vai ´consertar´ a frase, dizer que se enganou, falou errado e pedir desculpas”. Mas isso, como todos sabem, não ocorreu dentro do programa naquela noite e nem mesmo naquela semana, seja na imprensa ou nas redes sociais.

No dia seguinte, toda mídia comentava o acontecido. Nos próximos dias, não havia uma pessoa que me encontrasse que não comentasse o assunto.

Confesso que o que era insuportável ficou pior ainda, pois, como se diz na linguagem comum: “vi e ouvi o nome do meu filho na roda” e a única pessoa capaz de estancar essa história, não o fez!

A cada dia que se somava de silêncio do outro lado, mais indignada e machucada me sentia. O assunto também indignou o público e eu não tenho nenhuma culpa disso. Já que a escolha de dizer o que queria em um programa ao vivo e em rede nacional, assistido por muitos, não foi minha.

Essa história foi tomando proporções maiores com cada atitude que o próprio humorista tinha. Aqui do meu lado, nada se ouviu sobre o assunto pois, inocentemente, ainda acreditava em alguma atitude de arrependimento.

A gota d’água, para mim, foi assistir a um vídeo produzido e postado pelo humorista onde ele, em uma churrascaria, ironiza toda essa história.

Em quase 11 anos como cantora já me senti e fui ofendida, já me julgaram de diversas maneiras, mas foi uma escolha minha quando resolvi seguir essa carreira e dar “a cara a bater”, porém, desta vez foi diferente. Rafael Bastos ofendeu, agrediu verbalmente, ironizou e polemizou com o meu filho.

E qual mãe no mundo não defenderia, até com sua própria vida, o seu filho?

Estou apenas desempenhando o maior papel que a vida me deu: ser mãe. Para defendê-lo, vi na Justiça de nosso democrático país, o melhor caminho. Por isso, entrei com um processo criminal de injúria que, segundo nossa Constituição e Código Penal, artigo 140 se aplica perfeitamente ao ocorrido, já que o crime de injúria consiste em ofender verbalmente a dignidade ou o decoro de alguém, ofendendo a moral, abatendo o ânimo da vítima.

Quando a notícia desse processo chegou ao conhecimento público, todos se apegaram a parte mais sensacionalista do caso, já que no artigo 140 a pena descrita para esse crime é de detenção de 1 a 6 meses. Esqueceram de dizer que a pena também se aplica com multa que pode ter um valor simbólico com doação de cestas básicas ou chegar a qualquer valor estipulado por um Juiz. E qual será o valor estipulado a ele se tivermos ganho de causa, não cabe a mim ou minha família decidirmos, isso cabe a Justiça.

Sinceramente, não estou interessada em dinheiro nenhum, muito menos que ele seja encarcerado em prisão alguma. Apenas desejo que esse processo faça o humorista repensar sua forma ofensiva de falar, disfarçada erroneamente em liberdade de expressão. Desejo a ele o arrependimento e que compreenda o ferimento que causou.

Gostaria de esclarecer, também, que eu e minha família não temos relação alguma com qualquer afastamento ou retorno envolvendo o humorista. Seria até pretensioso pensar que temos esse poder, já que a Band é uma empresa privada com seus donos, dirigentes e empregados e essa, sendo assim, se torna a única responsável por suas decisões. Qualquer notícia envolvendo esse poder fictício e covarde é falsa e mentirosa.

Muitas pessoas enviaram mensagens me pedindo para perdoar, mas só se perdoa quem pede desculpas e está arrependido. Eu não tive essa opção.

Essa é minha verdade e também a primeira e última vez que falarei publicamente sobre esse assunto. Tudo o que tinha para dizer eu disse aqui. Não sei se todos compreenderam minhas razões lendo este texto, mas peço, encarecidamente, pelo respeito ao meu silêncio de agora em diante.

Estou em um momento muito especial e sensível da minha vida e preciso de um pouco de paz, para receber meu filho com toda serenidade possível.

Obrigado pela atenção e espaço.

Wanessa Godoi Camargo Buaiz